Os custos com a maternidade podem surgir, antes mesmo, da gestação. O desejo de realização profissional ganha prioridade em relação aos planos de tornar-se mãe. O resultado dessa mudança nas famílias se reflete nas clínicas especializadas em medicina reprodutiva. Com a maternidade adiada, mais casais passam a depender e a pagar por métodos indutivos de fertilização.
De acordo o médico Tulius Freitas, sócio da Clínica Bios, especialista em reprodução assistida, o envelhecimento da mulher é a principal causa de infertilidade. Segundo ele, anteriormente, prevalecia a faixa etária de 25 a 30 anos para a gravidez. Nos últimos anos, explica o especialista, as mulheres têm deixado para concretizar o sonho da primeira gestação depois dos 30 anos.
“O problema é que isso empurrou a faixa etária de gravidez dessas mulheres.
A mulher acima de 35 anos já tem uma dificuldade natural para engravidar”.
Segundo Freitas, existem no mercado três tipos de tratamentos de reprodução assistida. A mais eficiente e também mais procurada é a técnica de reprodução in vitro que consiste na indução da ovulação por meio de medicamento. Em média, o custo é de R$ 15 mil. O médico explica que no dia previsto para ovular, a paciente é submetida a um pequeno procedimento cirúrgico para a retirada dos óvulos.
“No mesmo dia, o marido colhe os espermatozoides. É feita a injeção de um espermatozoide por óvulo. Essa colocação vai gerar os embriões. Dois dias depois da retirada dos óvulos, eles são colocados no útero. Após colocar os embriões, espera 12 dias e faz o teste de gravidez”.
Apesar de ser o tratamento mais eficaz, de acordo com o ginecologista Evangelista Torquato, a possibilidade de sucesso é de 70% em mulheres com até 35 anos. No caso de pacientes com 44 anos, cita o médico, as chances de engravidar caem para 8%.
“O maior inimigo é a idade da mulher. Ela não pode pensar que vai conseguir ser mãe depois dos 40 anos porque a medicina está avançada. A recomendação é que pacientes acima de 43 anos partam para o banco de óvulos”.
Ainda segundo Torquato, com a idade mais avança aumenta as possibilidades de desenvolvimento de doenças cromossômicas. “Uma mulher de 45 anos tem uma chance em 20 de ter um bebê com síndrome de Down. Quando você vai para uma paciente de 30 anos, é um caso entre 1.600. Isso mostra que você precisa de uma justificativa muito forte para adiar a maternidade”. (Marcelo Andrade)