O processo de diagnóstico da infertilidade do casal, os tratamentos e técnicas de reprodução assistida, quando requeridas, costumam ser longos e, não raras vezes, interferem no próprio relacionamento do casal, que precisa
estar unido no objetivo de formar uma nova família.

Em alguns casos, durante o processo de luta contra a infertilidade, alguns casais são assolados por um alto nível de estresse. Reconhecer quando isto acontece é necessário, pois tão importante quanto o tratamento das causas físicas da infertilidade é importante que o estresse mental seja afastado paraque a gravidez possa acontecer.

Cada um dos membros do casal pode ter uma forma diferente de vivenciar os acontecimentos. Essas diferenças podem ser atribuídas a questões de gênero, a formas de lidar com os problemas e a diferença no desejo de cada um em relação aos filhos.

O sentimento de perda e o luto são característicos da situação de infertilidade. A perda da experiência e a alegria de ser capaz de facilmente conceber, a perda da privacidade da concepção (a intervenção médica está sempre presente), a perda da experiência de compartilhar um filho biológico, a perda da esperança de dar continuidade a linhagem familiar, essas são somente algumas das perdas.

É essencial que o casal busque auxilio para reconhecer as dolorosas perdas em cada estágio do processo de infertilidade, as quais variam entre o desapontamento que a mulher sente no momento da menstruação, aos resultados negativos do exame laboratorial, às falhas nos tratamentos, aos abortos espontâneos.

Por ser a infertilidade um assunto tão onipresente e cansativo, é importante orientar os casais a “se darem um tempo” e deixarem o assunto temporariamente de lado.

É importante os casais planejarem momentos para falarem sobre a infertilidade e momentos em que este assunto possa ser colocado de lado e, em seu lugar, algo prazeroso possa ser feito.

A mesma idéia aplica-se ao sexo: há momentos de fazer sexo para procriação e há momentos de fazê-lo só por prazer. São muitos os sinais de que o relacionamento do casal possa estar desgastado devido ao tratamento. É preciso ficar atento a eles, para saber a hora de dar uma parada no tratamento, procurar ajuda psicoterápica ou simplesmente, conversar tranqüilamente com o cônjuge.

 

Dentre estes sinais de alerta, destacamos:

 

  1. a perda de interesse em tudo que não seja relacionado ao tratamento para a infertilidade;
  2. falta de tempo dedicado ao casal (os dias giram em torno do tratamento);
  3. incapacidade de dizer não ao médico e ao parceiro;
  4. dificuldade de concentração (só se consegue pensar em ficar grávida);
  5. ausência de sono;
  6. falta de senso de humor (sem o bebê não há lugar para alegria na vida);
  7. choro sem razões aparentes;
  8. desprazer e incômodo na companhia de amigos e parentes por medo de ter que falar sobre o tratamento;
  9. falta de paciência e muitas demonstrações de irritação;
  10. troca de acusações mútuas entre o casal.

Além de uma compreensível falta de emoção e prazer em relação ao ato sexual.

Passar por tudo isso não é fácil, estamos a todo o momento, nos remetendo a questões inconscientes e marcas que fazem parte da historia de cada um dos envolvidos. Dar férias a esse projeto de filhos pode ser uma grande oportunidade para o casal se organizar psiquicamente e curtir outras áreas que também nos constitui como sujeitos.